HMB na sarcopenia. Qual o estado da arte no tratamento?

Sarcopenia é o estado de perda patológica de massa muscular classificado como doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como CID-10 M 62. 5. A demonstração, através da publicação de inúmeros artigos científicos, dos efeitos deletérios da sarcopenia para a saúde motivou a OMS a classificá-la como doença. Várias entidades foram criadas em todo o mundo para estudar e determinar os parâmetros necessários para o diagnóstico e tratamento da sarcopenia. Em 2010 o European Working Group on Sarcopenia in Older People (EWGSOP) publicou o primeiro consenso europeu sobre o tema, fazendo uma atualização em 2018.

Para diagnosticar sarcopenia são necessárias 4 etapas:

1. Suspeita clínica: pacientes idosos são considerados grupo de risco para a sarcopenia e devem estar no topo da lista de possíveis portadores da doença, assim como pacientes portadores de doenças crônicas em fase avançada como diabetes e insuficiência cardíaca e pacientes portadores de síndromes neurológicas. Também existe uma entidade conhecida como obesidade sarcopênica, caracterizada pelo elevado percentual de gordura, associado a redução de massa muscular medidos pelo DEXA (densitometria de corpo inteiro).

2. Deve ser feito um teste de força para confirmar a suspeita clínica. Esse teste pode ser feito com um dinamômetro para avaliar a força de preensão palmar ou através do stand up test, que consiste em fazer o paciente se levantar e se sentar da cadeira sem auxílio das mãos; ele deve ser capaz de fazer 5 movimentos completos em 15 segundos, do contrário será um forte candidato ao diagnóstico de sarcopenia.

3. Pacientes suspeitos devem realizar um teste confirmatório para documentar a falta de massa muscular. O teste mais eficaz é a densitometria de corpo inteiro (DEXA), que irá avaliar o índice de massa magra nos membros conhecido como índice de Baumgartner.

4. Podem ser feitos testes dinâmicos, como o timed up and go ou TUG TEST, que consiste em o paciente se levantar da cadeira podendo usar as mãos e caminhar por três metros. Se ele não consegue fazer o percurso de ida e volta em 3 minutos, esse é um sinal forte de que há um quadro de sarcopenia.

Em relação ao tratamento da sarcopenia, também existem 4 pilares que devemos observar:

1. A dieta é parte fundamental na terapia, pois o idoso, além de ter um maior catabolismo muscular, apresenta maior dificuldade na síntese proteica muscular (SPM), de modo que são necessárias maiores quantidades de proteína na dieta para atingir os mesmos níveis de síntese proteica em comparação aos mais jovens. Via de regra é necessário entre 1 e 1,2 g/kg/dia de proteínas para obter uma otimização na SPM.

2. A atividade física é o segundo pilar da terapia, imprescindível para direcionar os nutrientes da dieta para a SPM. Exercícios resistidos, como musculação, são capazes de estimular de forma independente a SPM e potencializam a ação anabólica da dieta. O problema é que em alguns casos há limitações graves que impedem os pacientes de executar atividades físicas resistidas, para os quais podemos lançar mão de outras duas estratégias.

3. A utilização de suplementos hipercalóricos e hiperproteicos seria uma dessas estratégias. Vários estudos mostram que a sua adoção é capaz não só de reverter a sarcopenia, como também de reduzir a mortalidade desses pacientes.

4. Por último, a suplementação com hidroximetilbutirato (HMB), derivado da leucina capaz de estimular diretamente a via comum de síntese proteica, a via da MTor, pode proporcionar melhora dos parâmetros da sarcopenia em idosos frágeis, ou seja, aqueles impossibilitados de usufruir da atividade física como estratégia na reversão da sarcopenia.

Uma terapia promissora é o emprego de inibidores de miostatina como o bimagrumab, que tem se mostrado eficaz em estudos de fase 2. Lembrando que esteroides anabolizantes e SARMs (moduladores seletivos dos receptores de andrógenos) não receberam aprovação para utilização na sarcopenia até a presente data (agosto de 2023).

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Referência:
1. Cruz-Jentoft AJ, Bahat G, Bauer J, Boirie Y, Bruyère O, Cederholm T. Sarcopenia: revised European consensus on definition and diagnosis. Age Ageing. 2019;48(1):16-31.

08/08/2023

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